{Resenhando #86} Mar da Tranquilidade - Katja Millay

Título: Mar da Tranquilidade
Autor: Katja Millay
Editora: Arqueiro
Página: 368
*Livro cedido pela editora para resenha

Nastya Kashnikov foi privada daquilo que mais amava e perdeu sua voz e a própria identidade. Agora, dois anos e meio depois, ela se muda para outra cidade, determinada a manter seu passado em segredo e a não deixar ninguém se aproximar. Mas seus planos vão por água abaixo quando encontra um garoto que parece tão antissocial quanto ela. É como se Josh Bennett tivesse um campo de força ao seu redor. Ninguém se aproxima dele, e isso faz com que Nastya fique intrigada, inexplicavelmente atraída por ele. A história de Josh não é segredo para ninguém. Todas as pessoas que ele amou foram arrancadas prematuramente de sua vida. Agora, aos 17 anos, não restou ninguém. Quando o seu nome é sinônimo de morte, é natural que todos o deixem em paz. Todos menos seu melhor amigo e Nastya, que aos poucos vai se introduzindo em todos os aspectos de sua vida. À medida que a inegável atração entre os dois fica mais forte, Josh começa a questionar se algum dia descobrirá os segredos que Nastya esconde – ou se é isso mesmo que ele quer. Eleito um dos melhores livros de 2013 pelo School Library Journal, Mar da Tranquilidade é uma história rica e intensa, construída de forma magistral. Seus personagens parecem saltar do papel e, assim como na vida, ninguém é o que aparenta à primeira vista. Um livro bonito e poético sobre companheirismo, amizade e o milagre das segundas chances.

Costumo ler o livro sem me preocupar com a capa. Na verdade, confio sempre na editora e sei que a capa vai transmitir a essência da história por completo. Bom, para minha surpresa, tive o oposto disso. Não que esta capa esteja feia ou qualquer característica que a diminua, mas acho que a capa transmitiu muito pouco do que a autora tentou transmitir. Mar da tranquilidade não é tranquilo. É poético, moderno, interessante, mas não tranquilo.

Nastya não fala. Não quero dizer que ela não fala muito, mas sim que ela não fala definitivamente nada. Desde o acontecimento que mudou completamente sua vida, ela decidiu parar de falar. Seja por ter medo de mentir ou ter que explicar o que aconteceu e quais as suas recordações. A antiga Nastya morreu com sua voz. Agora ela é outra e está iniciando o último ano do colégio. Seus sonhos foram impossibilitados e tudo que ela sempre amou, foi distanciado. 
Sua nova vida terá rumos inimagináveis, e mesmo ela negando, tudo o que ela precisa chegará. Em ótima hora e de um jeito completamente ligado ao destino. Mas a questão é: Será que um dia Nastya conseguirá esquecer o que ocorreu e conseguirá -enfim- seguir em frente?

Josh conviveu com cada integrante de sua família se despedindo cedo. Agora, quase adulto, é sozinho no mundo. A vida talvez não tenha sido justa com ele, mas ao mesmo tempo, pode ser que reserve grandes novidades. Ele possui uma zona própria onde ninguém se insere. Isso porque, Josh Bennett, aos olhos da sociedade, é visto como sinônimo de morte. Sua vida gira em torno de sua garagem, onde passa a maior parte do tempo construindo móveis. Mas quando Nastya aparecem em sua garagem completamente perdida e suada de tanto correr, acaba oferecendo ajuda e, mesmo não querendo, sua vida.

Os dois terão que enfrentar suas piores dificuldades para encontrar a salvação. Mas o amor, aquele comum em livros deste tipo, está longe de aparecer. Isso é o fator determinante para Mar da Tranquilidade estar se destacando tanto. Aqui, Josh e Nastya enfrentarão primeiro seus temores, sem quaisquer ligações, e o amor em si, vem natural e consequentemente. Eles encontram o resgate um no outro, mesmo negando qualquer sentimento. Talvez isso tenha sido o ponto forte do livro. 

A narração de Nastya torna tudo instigante e melancólico. Isso porque ela mesma não fala, então parece que nós, leitores, estamos inseridos em um local "proibido". A escrita da autora possui um lado todo poético e melodramático. Quando a narração passa para Josh, parece que tudo acaba assumindo um outro tom. A história é mais rápida e até mesmo mais instigante (essa é uma daquelas opiniões que parece que sou a única do mundo que acho isso).
Não consegui me envolver com a leitura no começo, pois sendo em primeira pessoa todo o tempo, os sentimentos ficam vivos até demais e isso acabou me cansando bastante. Tudo começou a fluir a partir da página 200, quando tudo tornou-se dinâmico e a história dos dois começou a fazer algum sentido.

O enredo é invejável. A tentativa da autora de lançar uma história diferente porém no mesmo mundo comum de adolescentes foi de tirar o chapéu, mas como nem tudo são flores, senti que houve uma perda de direção na hora mais primordial da história.
Será que eu não gostei do final? Bom, me satisfez e fiquei feliz com o resultado, mas gostaria que ela tivesse tomado outros rumos com a história. 

Mar da Tranquilidade é uma ótima pedida para quem quer uma história complexa. Fãs de YA ou NA, não esperem o que estão habituados. Tem tudo o que um livro comum do gênero apresenta? Tem, mas ao mesmo tempo pode te tirar completamente da zona de conforto.

Recomendado, então.

Classificação:

Bom gente, espero que tenham gostado!

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Beijos,

Mar!