{Resenhando #'109} Fale! -Laurie Halse Anderson

Título: Fale!
Autor: Laurie Halse Anderson
Editora: Valentina
Páginas: 248
*Livro cedido pela Editora para resenha

Fale! - “Fale sobre você... Queremos saber o que tem a dizer.” Desde o primeiro momento, quando começou a estudar no colégio Merryweather, Melinda sabia que isso não passava de uma mentira deslavada, uma típica farsa encenada para os calouros. Os poucos amigos que tinha, ela perdeu ou vai perder, acabou isolada e jogada para escanteio. O que não é de admirar, afinal, a garota ligou para a polícia, destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. E agora ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra - insultos e deboches, sim - ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas exceções. Com o passar dos dias, Melinda vai murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir. Finalmente encontra abrigo nas aulas de arte, e será por meio de seu projeto artístico que tentará retomar a vida e enfrentar seus demônios: o que, de fato, ocorreu naquela maldita festa?

Livros impactantes merecem ter tamanho infinito, não é verdade? As vezes você não dá moral para o livro, passam as páginas e é como se ele virasse pra você e falasse "Toma essa". Foi o que aconteceu comigo em vários livros esse ano. A maioria deles, abordavam temáticas fortes e tinham um psicológico fortíssimo. Eu adoro aqueles livros "perturbadores" que tem como tema algo forte ou que te deixa tensa e reflexiva. Desta vez, me deparei com um livro curto, de capítulos rápidos e com um tema maravilhoso: Abuso sexual. Gente. GEEEEENTE, não me interpretem mal, mas eu simplesmente ADORO livros como esse, ou problemas psicológicos e mentais. Se eu me surpreendi? Muito! E eu vim falar pra vocês que vale muito a pena!

Melinda não fala com ninguém. Seu melhor amigo é o silêncio, pois, foi a única coisa que restou depois daquela maldita festa que mudou sua vida. Ninguém consegue encara-la, e, atravessar o refeitório e enfrentar os colegas está sendo uma atitude mais impossível do que ela imaginava. Estudar no colegial sempre foi o sonhos dela e de suas ex melhores amigas, mas logo no início seus planos já vão por água abaixo e o que ela mais quer é SAIR do colegial. 

Seu professor de artes, um homem de mentalidade atraente e muito artística, faz com que suas aulas sejam um escape da realidade. Um dos planos de aula que ele propõe é que, a partir de um sorteio de substantivo qualquer, a pessoa dê outro sentido a ela e passe a construir uma arte a partir da palavra principal. Individualmente, cada um vai tirando seu papel e Melinda cai com: Árvore. De início, pode ser uma palavra boba, mas esse será o motivo principal para ela continuar seguindo em frente. 

Escrito em poucas páginas, a exploração do tema pela autora foi de longe, espetacular e complexa. Ela conseguiu trazer um assunto tão falado e abordado para o mundo adolescente (o principal alvo desses abusos), e conseguiu não deixar a escrita monótona ou cansativa. Eu consegui perceber o que Melinda queria, mesmo antes de ela dizer para o leitor. Eu reconheci sua dor de uma maneira tão íntima que me fez chorar e perguntar: "Por que certas pessoas fazem isso?", mas não encontrei resposta. Porque nem que faz a ação, consegue saber o motivo. Orgulho? não sei. Honra? Provável que não. Algo maior que qualquer tentativa de explicação. 

Depois que li o livro, tive que ver o filme. Não consegui esperar. Precisava saber se os autores conseguiriam passar a mensagem que o livro passou com facilidade. A adaptação não é muito conhecida, porém se vocês quiserem, vale a pena a conferida. Como em todas as adaptações de livros, não achei que conseguiram transmitir tudo o que o livro significava. Foi realmente um baseio bem superficial do livro. O filme tem o título de "O silêncio de Melinda".

“Quando as pessoas não se expressam, vão morrendo aos poucos. Você ficaria chocada se soubesse quantos adultos estão realmente mortos por dentro, vivendo sem ter ideia de quem são, só esperando que um câncer, um infarto ou um caminhão surja e acabe com eles.”

No geral, acho que é uma daquelas obras que todo mundo tem que ler uma vez na vida. Como prova disso, neste momento ele já está emprestado e já tem mais gente na lista de espera. Consegui fazer um trabalho escolar sobre ele, recomendei o filme pra minha professora de artes e falarei com a diretora para ela analisar e ver se vale apena colocar como método de ensino. 

No fim do livro tem uma entrevista com a autora sobre a construção da obra e no seu intuito ao escrever "Fale!". E pra quem está reconhecendo o nome da autora, é a mesma de "Garotas de vidro". Então você já pode imaginar o que vem por aí...

Classificação:

Bom gente, espero que tenham gostado!

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Beijos,

Mar.